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23/06/2020

O desempenho da indústria foi menos negativo em maio do que em abril deste ano, mostra Sondagem Industrial divulgada hoje (19) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).Segundo a CNI, os índices que medem o desempenho da indústria começam a se distanciar dos piores momentos da crise provocada pelo novo coronavírus, embora a atividade industrial ainda continue em queda.A pesquisa foi realizada entre 1º e 10 de junho com 1.859 empresas, sendo 724 pequenas, 663 médias e 472 grandes, e mostra que o pessimismo se reduziu de forma significativa neste mês, e aparece de forma menos intensa e disseminada que nos meses de abril e maio deste ano. Já a produção e o emprego sofreram novas quedas em maio, na comparação com o mês anterior, ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19. Mas a queda é menor.O índice de evolução da produção subiu de 26 pontos em abril deste ano para 43,1 pontos em maio. O fato de estar abaixo de 50 pontos indica queda, e quanto mais próximo de 50, menor e menos disseminada é a queda. Nessa metodologia, o índice varia de 0 a 100. Só há crescimento quando os dados aparecem acima de 50.O número de empregados atingiu 42 pontos no mês passado, ante 38,2 pontos no mês anterior. A capacidade instalada da indústria cresceu 6 pontos percentuais entre os meses de abril e maio, alcançando 55%. Apesar do aumento, o percentual é o segundo menor para toda a série histórica, iniciada em 2011, e se encontra 12 pontos percentuais abaixo do nível registrado no mesmo período de 2019. O índice de evolução dos estoques ficou em 46,2 pontos, indicando significativa redução dos estoques.Segundo a CNI, a pesquisa revela ainda que os empresários seguem projetando queda de demanda, exportações, compras de matérias-primas e número de empregados nos próximos seis meses. Mas o sentimento de forte pessimismo, observado nos dois meses anteriores, diminuiu tanto em relação à sua disseminação quanto em intensidade.Os setores de biocombustíveis, produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal, e produtos farmoquímicos e farmacêuticos apresentaram aumento de produção em maio. Também são setores que apresentaram evolução do número de empregados menos negativa que a dos demais e Utilização da Capacidade Instalada (UCI) efetiva mais próxima ao usual.No outro extremo, acrescenta a CNI, os setores impressão e reprodução de gravações, couros e artefatos de couro, calçados e suas partes, e vestuário e acessórios seguem com o pior desempenho, com quedas mais acentuadas da produção e do número de empregados, além de UCI efetiva distante do usual.

Pesquisadores defendem economia ambientalista para superar crise da pandemia

Pesquisadores defendem economia ambientalista para superar crise da pandemia

02/06/2020

Em uma teleconferência sobre os rumos do Brasil e do mundo pós-pandemia, cientistas de várias instituições brasileiras apontaram os rumos que eles acreditam que o mundo precisará tomar para se recuperar desta crise sem precedentes e resolver os problemas criados no ciclo recente de crescimento.Segundo o grupo, o roteiro passa pela construção de novas rotas de desenvolvimento econômico baseadas na valorização e na valoração da biodiversidade e dos serviços prestados pela natureza (ecossistêmicos), como o fornecimento de água e a regulação climática."É fundamental a compreensão de que a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico não são processos antagônicos, mas interdependentes. Desenvolvimento não é viável sem uma base de sustentação dos processos naturais que geram os serviços ecossistêmicos, também conhecidos como contribuição da natureza para o bem-estar humano", disse Cristiana Seixas, professora da Unicamp e membro da coordenação da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).A produção em larga escala de alimentos, fibras têxteis e madeira, entre outros itens, pela rota atual, tem impactado diretamente na expansão de áreas de cultivo agrícola e de pastagem para áreas naturais em biomas brasileiros, como a Amazônia.A fim de desacelerar a perda de áreas naturais, minimizar as mudanças climáticas e favorecer o desenvolvimento sustentável em longo prazo, será preciso promover mudanças em políticas públicas, nos padrões de consumo e investir em novos modelos de produção agropecuária que conservem a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.Além disso, será necessário desenvolver sistemas de produção industrial que operem em uma lógica de economia circular, evitando a poluição ambiental; investir na produção de energia renovável, saneamento básico e tratamento de efluentes, de modo a evitar a poluição de corpos d'água; e valorar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos nos processos econômicos, apontou Seixas.Estímulo à economia verdeA crise econômica gerada pela covid-19 deve resultar em uma retração de 5% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, que em 2019 foi de US$ 87 trilhões.Essa redução da atividade econômica global - da ordem de US$ 5 trilhões a US$ 10 trilhões - é equivalente a perda de três a cinco vezes o PIB do Brasil, o nono maior do mundo, estimado em US$ 1,8 trilhão, comparou Carlos Eduardo Young, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): "Teremos uma crise de desemprego que certamente não tem paralelo no mundo pós Segunda Guerra Mundial".As crises econômica e fiscal - marcada pela queda de arrecadação de impostos - geradas pela pandemia devem resultar em um aumento dos gastos públicos dos países, voltados a apoiar atividades que contribuam para a recuperação de suas economias. Os critérios para a concessão desses incentivos devem levar em contar atividades que contribuam para o desenvolvimento de uma economia verde ou de baixo carbono, que não piorem as condições socioeconômicas atuais, avaliou Young."O risco agora é que, em vez de ser desenhado um conjunto de incentivos econômicos que melhorem as condições socioeconômicas, se regresse ao modelo econômico anterior à pandemia, que é predatório e gera desemprego," afirmou.Na opinião de Eduardo Brondizio, professor da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o momento atual representa uma janela de oportunidades para repensar a trajetória de desenvolvimento econômico e social do planeta: "Estamos em um momento crítico em que, de maneira sem precedentes, os países vão começar a investir, subsidiar e ajudar a recuperar vários setores da sociedade. Temos a oportunidade de escolher novos caminhos ou reforçar os existentes e que só servem aos interesses de grupos particulares."Falta de governançaSegundo Bráulio Dias, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-secretário da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), os avanços da ciência nas últimas décadas permitiram o desenvolvimento de soluções para reverter o processo de perda da biodiversidade global.O que é preciso é ter boa governança, que assegure o cumprimento de leis ambientais, o funcionamento de instituições voltadas à preservação do meio ambiente e a tomada de decisões fundamentadas na razão e na ciência, avaliou."Infelizmente, hoje, no Brasil, por exemplo, estamos vendo um desmonte das instituições e das políticas ambientais e uma tentativa de subverter e reverter a legislação, sem dar ouvidos aos argumentos da razão e da ciência. Obviamente que esse comportamento vai resultar em grandes prejuízos coletivos, para a sociedade brasileira e para o mundo, especialmente porque o país é o detentor da maior biodiversidade no mundo," avaliou Dias.

26/05/2020

As medidas de prevenção contra o coronavírus indicam sem hesitação: lavar bem as mãos com água e sabão. Porém, essa não é uma realidade tão simples para uma parcela considerável de mineiros.A Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), que atua em 644 municípios, acompanha anualmente os indicadores dessas localidades reguladas. E, a análise mais recente demonstra que 38% das cidades avaliadas foram enquadradas em condições insatisfatórias em relação ao atendimento urbano de água. Isso significa que, em 228 municípios, ou seja, aproximadamente 9 em cada 100 pessoas não têm acesso a água canalizada em suas residências.Situação que se agrava ainda mais em tempos de pandemia, quando usar a água limpa para higienizar as mãos é “quase” uma vacina para se evitar a contaminação e a propagação do vírus.O levantamento feito pela agência ainda considera o atendimento urbano de esgotos no Estado. Os resultados apontam tímidas melhorias entre 2017 e 2018. No entanto, exibem fragilidades que precisam ser superadas no setor de saneamento mineiro. Por seu forte impacto no meio ambiente e na qualidade de vida e saúde das pessoas, a coleta e o tratamento dos esgotos são os principais desafios.No Brasil, mais de 10 mil pessoas morrem todos os anos em decorrência de doenças associadas a falta de saneamento básico, segundo dados do Datasus. Em Minas Gerais, apenas 246 municípios regulados pela agência têm prestação de serviços de esgoto e, 56% deles, em condições consideradas insatisfatórias. E é importante destacar que nessas contas não estão inseridos os habitantes da zona rural, que certamente enfrentam ainda mais dificuldades no acesso aos serviços de água e esgoto.O saneamento é essencial para a dignidade humana. Sua importância não começou nesse tempo de pandemia, mas é acentuada por ele. Uma das formas de superar os obstáculos nessa área é por meio da pressão social. Para incentivar, por exemplo, o envolvimento da população, a Arsae busca atuar com o máximo de transparência. Por isso, divulga os resultados municipais dos seus levantamentos anuais por meio do ProSun, sua ferramenta de Regulação por Exposição.Historicamente, o saneamento, de competência municipal, é o setor de infraestrutura que recebe menos atenção do poder público, insuficiente influxo de recursos e limitada participação da iniciativa privada. A valorização do setor é uma necessidade de saúde pública, não somente por ser uma medida importante de combate à pandemia, mas também pelo seu potencial de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos no longo prazo. E, essa situação só poderá ser alterada com vultosos investimentos, tão carentes, sobretudo nos dias atuais.

19/05/2020

O mercado financeiro continua a revisar a estimativa de queda da economia neste ano. Pela 14ª semana seguida, piorou a expectativa do mercado financeiro para o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Desta vez, a previsão de queda passou de 4,11% para 5,12%.A estimativa consta do boletim Focus, publicação divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos.A previsão para o crescimento do PIB em 2021 segue em 3,20% e para 2022 e 2023 continua em 2,50%.DólarA cotação do dólar deve fechar o ano em R$ 5,28. Na semana passada, a previsão era R$ 5. Para 2021, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 5, contra R$ 4,83 da semana passada.InflaçãoAs instituições financeiras consultadas pelo BC continuam a reduzir a previsão de inflação de 2020. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu pela décima vez seguida, ao passar de 1,76% para 1,59%.Para 2021, a estimativa de inflação também foi reduzida, de 3,25% para 3,20%. A previsão para os anos seguintes - 2022 e 2023 - não teve alterações e permanece em 3,50%.A projeção para 2020 está abaixo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.Para 2021, a meta é 3,75% e para 2022, 3,50%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual em cada ano.SelicPara alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 3% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic encerre 2020 em 2,25% ao ano. A previsão anterior era 2,50% ao ano.Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 3,50% ao ano. Para o fim de 2022, as instituições reduziram a previsão de 5,50% ao ano para 5,25% ao ano e, para o fim de 2023, a estimativa segue em 6% ao ano.

12/05/2020

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no sábado que o Banco Central vai "chuveirar dinheiro na economia inteira" no caso de uma depressão econômica causada pela pandemia do coronavirus.Apesar dessa declaração, em uma live realizada pelo Itaú Unibanco, Guedes disse acreditar que a economia brasileira terá uma recuperação em "V", uma vez que os sinais vitais econômicos do país estão preservados até agora.O Congresso aprovou na quinta-feira uma emenda constitucional separando gastos extras e medidas emergenciais para ajudar a enfrentar o impacto da crise, dando ao Banco Central poderes para comprar ativos do setor público e privado.Em caso de depressão, Guedes disse que o BC poderia fornecer liquidez para empresas e até pequenas empresas."Vamos chuveirar dinheiro na economia inteira se houver depressão", se houver uma demanda infinita por liquidez", disse ele.Até agora, disse Guedes, é mais provável que a economia brasileira registre uma recuperação rápida, impulsionada por taxas de juros baixas. Na quarta-feira, o BC cortou sua taxa de referência Selic em 0,75 ponto percentual, para 3,00%.Ele acrescentou que o Brasil preservou 6 milhões de empregos ao lançar uma medida que permite o corte de salário e de jornada dos trabalhadores.Para impulsionar a economia no pós-crise, Guedes disse que o governo pode aumentar os gastos públicos em infraestrutura, mas que isso dependeria de o governo conseguir economizar recursos em outras áreas.Guedes aproveitou para justificar as insistentes críticas do presidente Jair Bolsonaro a medidas de isolamento social de governadores e prefeitos e sua defesa pela retomada da atividade econômica como um "desespero" diante do que pode ocorrer dependendo dos próximos passos."Não é hora para ter briga, não é hora, temos que estar unidos, somos brasileiros todos, quer dizer, agora é uma hora realmente para estarmos juntos para combater", disse Guedes."E mesmo as brigas que acontecem eu interpreto muito mais como as lutas do desespero", acrescentou. "Se está todo mundo trancado em casa, o presidente (diz) "pelo amor de Deus, pensem na produção, se não daqui a pouco vai vir uma depressão e vai piorar muito?´.""É muito mais um desespero do presidente com a situação que pode se desenvolver se nós não percebermos que precisamos das duas asas", numa referência à saúde e à economia.

05/05/2020

A pandemia provocada pela Covid-19 reforçou a importância de acelerarmos o processo de universalização dos empreendimentos e serviços de saneamento básico. O país convive com 35 milhões de brasileiros que não têm acesso a água potável e outros 100 milhões com moradias sem conexão à rede de coleta e tratamento de esgoto. Além de servir para a expansão de doenças relacionadas à veiculação hídrica, essas condições não permitem que as pessoas cumpram a higienização mínima de lavar as mãos para evitar a proliferação do novo coronavírus.Essa população abandonada tem convivido ainda com graves problemas de saúde como dengue, diarreia, cólera, febre tifoide, esquistossomose, hepatite infecciosa, entre muitos outros. Além dos prejuízos causados aos cidadãos afetados por essas doenças, elas impactam nos gastos da saúde pública. O próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já realizou estudos mostrando que 34,7% dos municípios brasileiros registram avanços de epidemias ou endemias relacionadas à transmissão hídrica nos últimos anos.O novo marco regulatório do saneamento, em discussão no Congresso Nacional, traz importantes avanços para o setor. Porém, da maneira como está, a nova proposta corre o risco de não atender às demandas urgentes da população que mais precisa de água limpa e esgotamento sanitário. A pandemia vai provocar mudanças profundas no cenário de investimentos a curto, médio e longo prazos. O texto em discussão pelos parlamentares impõe aos municípios a obrigatoriedade da universalização dos serviços de esgotamento sanitário e abastecimento de água até 2033. Em condições econômicas normais já era uma tarefa inviável, agora com este novo panorama, a proposta se torna claramente intangível.A previsão financeira para a universalização do saneamento chega a R$ 700 bilhões até 2033, com uma média de R$ 53 bilhões anuais. Nosso histórico nas últimas décadas alcançou recursos de, no máximo, R$ 15 bilhões por ano. O cenário de investimentos em infraestrutura também é desolador. Em 2019, por exemplo, aplicamos apenas 1,87% do PIB (Produto Interno Bruno) em obras de infraestrutura. O panorama não esteve muito distante entre 2001 e 2013, quando alcançamos uma média de 2,15% de investimentos públicos e privados. Mas tudo isso é muito pouco para construir estradas, aeroportos, estações de tratamento de água e esgoto. Para os próximos 20 anos, deveríamos investir 4,2% do PIB para melhor atender às demandas urgentes do país.Precisamos repensar no modelo proposto pelo novo marco legal e evitar decisões de afogadilho. Caso contrário, corremos o risco de aprovar uma nova legislação que acabará inviabilizando qualquer contrato de concessão nas próximas décadas, afastando as empresas diante de um cenário de insegurança jurídica. Por isso, o Congresso precisa ter muita responsabilidade na finalização e aprovação desse marco legal.O saneamento precisa se tornar uma política de Estado, independentemente da cor partidária do governo de plantão. Precisamos afastar as propostas amadoras e investir no planejamento, incluindo os mais de 5.500 municípios brasileiros. Somente com o avanço na infraestrutura de abastecimento de água e esgotamento sanitário vamos contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de milhares de brasileiros e reduzir drasticamente a propagação de muitas doenças.

28/04/2020

A falta de água e saneamento coloca bilhões de pessoas em risco de contaminação por coronavírus. De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a lavagem de mãos é uma defesa básica de primeira linha, sendo a forma mais eficaz de prevenir a propagação da COVID-19. Entretanto, a ONU estima que uma em cada três pessoas no mundo não tem acesso a água potável . Para discutir estes desafios, a Rede Brasil do Pacto Global promoveu nesta quinta-feira (23) o webinar COVID-19 e ODS6: A importância do saneamento básico para o combate ao coronavírus.A iniciativa reuniu especialistas de diversas instituições para discutir como garantir o acesso à água potável e saneamento adequado às milhões de brasileiros e brasileiras que não possuem acesso a esses direitos básicos. Também foi discutido o que as empresas podem fazer para  minimizar o risco ao qual a população mais vulnerável está exposta, causado pela falta de infraestrutura de saúde e saneamento adequadas para lidar com a propagação do vírus.Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, apresentou uma visão geral sobre o cenário atual do saneamento no país e os impactos no controle da COVID-19. Ele foi seguido por Ana Freitas Ribeiro, médica sanitarista e epidemiologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que deu uma visão geral de caráter técnico sobre a COVID-19.De acordo com a especialista, estudos já realizados não mostraram evidência da presença do vírus em águas superficiais ou subterrâneas, nem a transmissão por ingestão de água. Ainda assim, algumas medidas devem ser tomadas para manter a segurança do abastecimento de água, tais como: proteção da fonte da água; tratamento no ponto de distribuição, coleta e consumo; filtração e desinfecção; armazenamento seguro e limpeza regular das caixas d´água.Marina de Castro Rodrigues, coordenadora de Responsabilidade Social Corporativa da Aegea Saneamento, destacou as ações da empresa no combate à pandemia. “Adotamos uma série de recomendações de saúde e segurança para os colaboradores que precisam estar nas ruas para manter o nosso serviço que é essencial”, explicou. “Colaboramos com a população e os órgãos públicos dos municípios onde operamos por meio de ações como a desinfecção de espaços de grande circulação e doações de alimentos e produtos de higiene para população vulnerável nesse momento de crise”.Renata Ruggiero Moraes, diretora-presidente do Instituto Iguá de Sustentabilidade, falou sobre o “Papel das Ações Coletivas no combate à COVID-19”. Renata citou a iniciativa que o Instituto vem desenvolvendo, chamada Aliança Água + Acesso, uma aliança formada por 14 organizações para ampliar o acesso à água em áreas rurais, com atuação em três frentes: infraestrutura para acesso e tratamento; modelos autossustentáveis de gestão comunitária; e fortalecimento da causa e do ecossistema.Rodolfo Sirol, presidente do conselho da Rede Brasil do Pacto Global, apresentou as ações da frente Pacto contra a Covid e do coletivo Covid Radar.

14/04/2020

O ser humano e os povos estão atravessados por cicatrizes e memória. Ambos constroem o que serão e o que foram. A hiperinflação da República de Weimar ainda pesa nas políticas alemãs e sua austeridade; a Grande Depressão deixou nos norte-americanos um sentimento de “não desperdiçar” (waste not, want not); e a crise de 2008 e seu legado de precariedade e iniquidade ainda empobrecem a vida de milhões de pessoas em muitas democracias ocidentais. Mas todo desastre é diferente. O crash de 1929 e a Segunda Guerra Mundial definiram as bases do moderno Estado de bem-estar, e a epidemia de gripe de 1918 ajudou a criar os sistemas nacionais de saúde em muitos países europeus.Por isso, cada choque econômico deixa uma herança de recordações e feridas. Também de mudanças. É impossível pensar que essa inimaginável experiência de máscaras, distanciamento social, perdas humanas e cancelamento da vida não trará consequências após o final da pandemia. É cedo para saber exatamente quais. Quanto mais tempo durar a crise, maior será o dano econômico e social. Os analistas podem demorar anos e até décadas para explicar todas as implicações do que se vive nesses dias. O paradoxal, ou não, é que esse vírus explora as características da vida que nós mesmos nos demos. Superpopulação, turismo maciço, cidades imensas, viagens aéreas constantes, redes de fornecimento a milhares de quilômetros e uma extrema desigualdade na divisão da riqueza e nos sistemas de saúde públicos.Tudo isso deixou exposta a fragilidade do homem. Essa foi a autêntica placa de Petri da Covid-19. O que virá quando passar? “A epidemia traz uma mentalidade de tempos de guerra, mas uma mentalidade que une todo o planeta do mesmo lado. Os anos de guerra são períodos de uma grande coesão interior dos países e da preocupação pelos outros”, diz Robert J. Shiller, prêmio Nobel de Economia em 2013. E acrescenta. “Um efeito a longo prazo dessa experiência pode ser instituições econômicas e políticas mais redistributivas: dos ricos aos pobres, e com maior preocupação pelos marginalizados sociais e idosos”.É uma esperança. Evidentemente, a crise atual não é tão catastrófica como uma guerra mundial e a devastação que nossos avós vivenciaram na Guerra Civil espanhola, mas seus efeitos econômicos serão enormes. Não tem precedentes em tempos de paz. O acontecimento mais parecido com o qual podemos compará-la, o crash financeiro de 2008, gestou uma mudança intensa na economia do planeta. Fomos de um crescimento relativamente alto e uma inflação moderada a outro anêmico e com deflação. Mas o mundo nunca mais voltou a ser igual ao que havia sido antes desse ano. “O coronavírus provocará uma recessão muito superior à de 2008-2009, já que a dívida atual da Grécia é de 175,2% de seu PIB, e em níveis igualmente altos, que se aproximam de 100% do PIB, estão a Itália, França e a Espanha”, alerta o economista Guillermo de la Dehesa.Evidentemente, causará dor durante muito tempo. “Provavelmente a maioria das economias demorará de dois a três anos para voltar aos níveis de produção que tinha antes da epidemia”, diz a consultoria IHS Markit. Ainda que existam outros números mais importantes. O epidemiologista da Universidade de Harvard, Marc Lipsitch, disse ao The Wall Street Journal que prevê o contágio de 40% a 70% da população adulta em um ano.A verdade econômica se rege sob suas próprias leis da atração. Mudanças chegam. As grandes empresas terão que repensar onde e como produzem. Muitas moléculas são fabricadas na China, refinadas na Índia e, após uma longa viagem, terminam nas farmácias e hospitais europeus. “Quando a crise passar ocorrerá uma reindustrialização da Europa e dos Estados Unidos, pelos problemas nas redes de abastecimento que muitas empresas estão sofrendo nesses momentos”, prevê César Sánchez-Grande, diretor de análise e estratégia da Ahorro Corporación Financiera.As empresas perceberam o perigo que significa somar dependência e distância. Mas é certo que as redes de produção nacionais também se paralisam no caso de uma pandemia. Dá no mesmo. Através do planeta circula uma corrente de desconexão. “Até mesmo antes da crise muitas multinacionais com sede nos Estados Unidos já estavam reconsiderando sua dependência da China. Primeiro pelos custos, mas além disso pela guerra comercial e os impostos”, diz Karen Harris, diretora geral da consultoria Bain & Company´s. Não é que a globalização se reverterá. “É uma realidade que não volta atrás”, afirma José María Carulla, diretor do serviço de estudos da consultoria de riscos Marsh. Mas terá fraturas. O capitalismo também? Porque sua essência é o movimento constante de pessoas e mercadorias. As bases, certamente, de toda a pandemia. E como responderá uma geração, especialmente jovem, cuja única vivência do capitalismo é uma crise? Sairá às ruas?Ainda é cedo para saber. Os paralelos e os meridianos do mundo, entretanto, aparentemente formarão uma trama mais fina e menos resistente. A conjunção do Brexit, a epidemia e a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos pressagiam anos complicados à aldeia global. “O bem-estar mundial será muito maior se os países optarem pela cooperação, a ajuda e a solidariedade em momentos de crise, e por compartilhar informação e avanços científicos em vez de fazê-lo pela autarquia e o confronto”, diz Rafael Doménech, responsável de análises econômicas do BBVA Research.Eleições nos EUAUma das grandes mudanças pode chegar em novembro na Casa Branca. As crises não reelegem os presidentes. Ford perdeu contra Carter após a crise do petróleo de 1973, Carter perdeu contra Reagan na segunda crise do petróleo de 1979 e Bush perdeu contra Clinton após a invasão do Kuwait. O economista Nouriel Roubini lembrou desses fatos por esses dias ―ele previu o crash de 2008― na revista Der Spiegel. Essas cicatrizes e essa memória deixam a sensação de que os Estados Unidos já não serão o líder do mundo. “Pela primeira vez em sua história, a maior potência do planeta renunciou à liderança da luta sanitária e econômica enquanto a China responde com uma campanha muito agressiva para melhorar sua imagem pública”, diz Federico Steinberg, analista principal do Real Instituto Elcano.Onde está a força das listras e o brilho das estrelas? “Washington falhou no teste da liderança e o mundo está pior por isso”, se lamenta no Foreign Policy Kori Schake, diretora de estudos de política exterior e defesa do American Enterprise Institute. Mas a Europa também não está imune a essa atração do egoísmo. A UE deve proteger seus 500 milhões de habitantes ou muitos governos podem exigir o retorno de certos poderes. É impossível descartar, vimos, que os próximos meses tragam um maciço repúdio político. “Dependerá”, diz Kathryn Judge, professora na Escola de Leis da Universidade de Columbia, “de até que ponto o preço é alto em termos de sofrimento humano, vidas perdidas e a inevitável destruição econômica [o centro de estudos Brookings Institution fala de um custo global de 2,3 trilhões de dólares (12 trilhões de reais)] que virá. Porque o auge do populismo que varreu o planeta após 2008 revela a maneira profunda com que a indignação pública pode mudar o mundo”.A história alerta que os desastres incendeiam a xenofobia e o racismo. E é cada vez mais comum encontrar avisos dessa rachadura. Até mesmo no Velho Continente já prospera o relato do “norte industrioso” e do “sul preguiçoso”. Especialmente pela dificuldade que a Europa mostra para organizar uma resposta coordenada. “A pandemia está evidenciando, mais uma vez, a disfunção do euro, que coloca os países membros em uma camisa de força macroeconômica. A menos que a União Europeia possa reunir a vontade de se transformar em uma verdadeira união fiscal e política, a zona do euro começará a se separar”, prevê Paul Sheard, especialista principal do Centro de Negócios e Governo Mossavar-Rahmani na Escola Kennedy da Universidade Harvard.Sistemas de saúdeNessas semanas proliferam inúmeros intérpretes da tragédia, adivinhadores do drama, quiromantes do descontentamento e até os que também, como o político democrata norte-americano Bernie Sanders, são capazes de revelar tudo em seis palavras: “Healthcare is a basic human right”. “O sistema de saúde é um direito fundamental do ser humano”. Esse é um legado do vírus. Existem muitos outros. Mais trabalho em casa, auge dos pagamentos eletrônicos, maiores controles nas fronteiras, seguros caros e complexos, educação e medicina à distância, e menos viagens transoceânicas e convenções. “Precisamos pensar como tornar mais eficiente o sistema de saúde, porque ao fazê-lo se torna mais econômico, viável e universal”, propõe Carsten Menke, responsável pela área de next generation research do banco privado Julius Baer. Sua narrativa inclui telemedicina, monitoramento do paciente em casa após uma cirurgia e medicamentos personalizados que evitem os desperdícios de remédios.Nada muito revolucionário, tudo muito urgente. Porque a novidade é que a higiene cresce como prioridade nas agendas de empresas e Governos. Singapura já está planejando regras de limpeza obrigatórias. Regras mais rígidas podem impulsionar as compras online de uma maneira semelhante à como a epidemia de síndrome respiratória aguda (SARS, na sigla em inglês) de 2003 fez com que as pessoas evitassem os centros comerciais.Os Governos vão gastar mais para cuidar da saúde de sua população e evitar os enormes custos das pandemias. Só o SARS tirou ―de acordo com a Universidade Nacional da Austrália― 40 bilhões de dólares (204 bilhões de reais) da economia do planeta. “Para mim é uma chamada de atenção, já que a Covid-19 não é tão mortal como o ebola. As Administrações, pelo menos assim espero, se organizarão e estarão preparadas para a próxima”, diz Gael Combes, analista da gestora Unigestion. E continua. “Em um sentido mais econômico é pouco provável que mude nosso desejo de consumir e viajar. Talvez os grandes cruzeiros saiam de moda por um tempo, mas as pessoas não renunciarão, se puderem pagar, a um longo final de semana em Barcelona”.Essa mesma fé na recuperação do consumo é demonstrada por Daniel Galván, diretor da GBS Finance. “Voltará com força à medida que a situação se normalizar”. Veremos. Porque o homem utiliza o “costume” como uma barreira contra a noite mais escura. O ser humano procura refúgios nas tempestades. “Estaremos mais atentos ao nosso, do público e do que nos protege, e crescerá a porcentagem das pessoas partidárias de aumentar (ainda que precisem pagar mais impostos) o gasto público em saúde”, diz Carlos Cruzado, presidente do Gestha, o sindicado dos técnicos da Fazenda da Espanha.Enorme gasto públicoNinguém quer retornar a um novo período de austeridade como o que surgiu pela crise da dívida de 2011. Mas a trama dos dias de hoje é semelhante. Um enorme gasto público e a queda dos rendimentos tributários. “Se a crise acabar impactando de maneira assimétrica na Europa, menos no norte e mais no sul, porque os nortistas tiveram mais tempo para se preparar e cortar a cadeia internacional de fornecimentos sanitários dando prioridade a seu autoabastecimento, o calvinismo voltará a se impor: ‘Os pecadores merecem pagar por seus pecados”, critica Carlos Martín, responsável do gabinete econômico das CC OO (Comissões Operárias da Espanha). “Essa moral já se impôs durante a crise anterior: os sulistas gastaram em ‘mulheres e vinho’ [como disse em 2017 Jeroen Dijssel­bloem, à época ministro das Finanças holandês]. E o mais chocante é que alguns Governos do Sul compraram essa reprovação: ‘Vivemos acima de nossas possibilidades".Agora podem raciocinar da mesma forma: os sulistas querem nos repassar, novamente, o custo de sua incapacidade e desorganização. Mas a economia após o coronavírus traz, em princípio, o requisito da solidariedade. É evidente que as medidas fiscais lançadas pelo Executivo para deter a pandemia deixarão um legado de maior déficit e dívida pública. “Esses aumentos devem ser financiados a longo prazo, até mesmo décadas. Com qualquer uma das soluções que serão por fim tomadas (emissão de dívida pública nacional, coronabônus europeus e outras), o BCE (Banco Central Europeu) terá um grande protagonismo no financiamento dos mercados secundários de dívida”, diz Rafael Doménech.Por enquanto, a pandemia vive no presente. Acertar o futuro da economia soa complexo. Porque ninguém sabe qual será seu custo humano e econômico final. Ainda que sempre existam otimistas. “Acho que a maioria dos negócios, e evidentemente os gigantes norte-americanos e de outros países, não fracassarão no retorno a sua atividade empresarial [quando a crise passar]”, observa na agência Bloomberg Edmund Phelps, prêmio Nobel de Economia. Outras vozes dizem o mesmo. “Superaremos isso e estaremos melhor dentro de 24 meses”, calcula, em uma nota, Rob Lovelace, vice-presidente da gestora Capital Group. Mas dois anos é uma espera inimaginável em milhões de lares. Ainda que nesse período, talvez, algumas percepções deverão ter mudado para sempre. O preceito de “segurança nacional” incluirá a redistribuição da riqueza, uma fiscalidade mais justa e reforçar o Estado de bem-estar. A sociedade também deverá apreciar o valor de trabalhos até agora desprezados. Babás, assistentes sociais, faxineiras, cuidadores de idosos. Algumas das contribuições mais subvalorizadas pedem uma consideração bem diferente. Talvez o novo tempo proponha a lição de que os professores e as enfermeiras são muito mais valiosos do que os banqueiros de investimento e os gestores de fundos especulativos.Uma dessas vozes cheias de dinheiro é a de Larry Fink. A pessoa mais poderosa dos mercados. Administra sete trilhões de dólares (35 trilhões de reais) pelo BlackRock, a maior gestora de fundos do planeta. Confinado em sua casa, escreveu uma carta de 11 páginas aos seus clientes, acionistas e funcionários. Defende ―claro― o brilho do capital. “Existem enormes oportunidades no mercado”, afirma. E imagina um futuro diferente. “Quando sairmos da crise, o mundo será diferente. A psicologia do investidor mudará. Os negócios mudarão. O consumo mudará”, talvez as pessoas evitem os lugares cheios como shows e restaurantes. “Então só sobreviverão as grandes redes e os pedidos online”, se pergunta Giles Alston, especialista da Oxford Analytica. Parece improvável. Mas as camisetas terão estampadas a palavra “resiliência” e em suas etiquetas deveríamos ler fabricado em “decência”, “generosidade”, “honestidade”, “beleza”, “coragem”.Pouco a pouco, o futuro econômico se filtra da mesma forma que a luz por uma fresta. “As políticas monetárias perpetuam o tipo de dinheiro a partir do zero porque a inflação deixou de ser um problema”, prevê Roberto Scholtes, diretor de estratégia da UBS. A economia terá que responder a novas exigências sociais. Políticas fiscais mais expansivas, maior pressão por redistribuir a riqueza e será preciso projetar divisões de gastos extraordinárias diante de novas epidemias e a crise climática.“As grandes crises econômicas da história desde a Segunda Guerra Mundial ocorreram com talento político questionável nas superpotências”, diz Emilio Ontiveros, presidente da Analistas Financeiros Internacionais (AFI). E vai além. “Chega uma quarta fase da globalização e precisamos de uma coordenação multilateral maior. O BID, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o G20 e o Eurogrupo precisam agir com maior ambição. Porque, do contrário, sumirão as economias das pessoas, as aposentadorias, o bem-estar. E a sociedade e a economia sairão mais empobrecidas após a crise”. É preciso uma renda básica e qualquer sistema de distribuição semelhante que dê proteção às pessoas em tempos de emergência e de calma. Principalmente após o inevitável aumento do desemprego que o fim do enclausuramento econômico deixará. A UBS estima uma destruição (temporária) de dois milhões de empregos na Espanha, e o Goldman Sachs acha que o PIB do mundo cairá 1% neste ano.Nesse momento, a psicologia do investidor, presa no paradoxo, será ao mesmo tempo igual e diferente. “Como em outras situações que combinam incerteza e volatilidade elevada, existe um grande apetite pela liquidez e a possibilidade de que os poupadores optem por depósitos frente a outros investimentos”, diz Francisco Uría, sócio responsável do setor financeiro da KPMG. Mas a nova linha do horizonte será desenhada pelos fundos cotizados (ETF) e a sustentabilidade nas carteiras. E o que será do setor imobiliário, que também criou bolhas, contradizendo ao poeta, nada leves e sutis? Irá se voltar à tecnologia. As imobiliárias se tornarão digitais. Até onde for possível. Ninguém compra uma casa sem vê-la fisicamente. “Mas a curto prazo, o impacto é duro. As pessoas devem solucionar primeiro outros problemas imediatos, depois voltarão a comprar moradias”, prevê Carlos Smerdou, executivo-chefe da Foro Consultores Imobiliários.Emergência climáticaPorque nesse anoitecer da Terra, somente a emergência climática e a natureza parecem se beneficiar. O respiro que demos à atmosfera é a única luz branca que cai sobre uma obscura pandemia. Na China, onde a poluição causa mais de 1,6 milhão de mortes prematuras, o confinamento, de acordo com o cientista da Universidade de Stanford Marshall Burke, salvou a vida de pelo menos 1.400 crianças menores de 5 anos e 51.700 adultos de mais de 70 anos.Mudamos nossa existência e nossa forma de trabalhar em um respiro. Não podemos em outro modificar a maneira como habitamos o planeta? “As escolhas que os bancos centrais, o Governos e as instituições financeiras fizerem hoje moldarão nossas sociedades nos próximos anos. É tempo de mobilizar recursos para colocar a saúde e o trabalhos das pessoas em primeiro lugar. Por isso, as Administrações devem investir em afastar nossas economias da dependência dos combustíveis fósseis e o crescimento infinito que continua alimentando o desastre”, pede May Boeve, diretora da ONG 350.org.“Vamos a uma recessão não vista desde a Grande Depressão”Kenneth Rogoff, economista e professor em Harvard, acha que o vigor da saída da crise depende da resposta sanitária.Rogoff, um dos grandes economistas do século XXI, tem o prestígio de não escrever linhas torcidas. Em 2009 publicou, com sua colega no centro norte-americano Carmen Reinhart um livro cujo título é uma reimpressão dos dias em que transitamos. This is Different: Eight Centuries of Financial Folly (Isso é diferente: Oito séculos de necessidade financeira). Hoje, enquanto conversa com o EL PAÍS através de um questionário enviado por e-mail, essa frase tem o mesmo peso de um céu de chumbo. “O impacto potencial na política econômica é profundo. Mas pode ir em diferentes direções”, afirma Rogoff. “O sistema autoritário da China será visto como a solução ou a causa da crise? O inepto manejo da pandemia pelos Estados Unidos, tanto em suas primeiras etapas (falta de testes) como em suas últimas (carência de uma política nacional unificada), assinalará o começo do fim do domínio norte-americano ou, em última instância, mostrará a criatividade e a resiliência do país e do dólar? Será preciso ter muita força.Os meses chegam descontando um calendário de dias desolados. “Parece que nos dirigimos a uma profunda recessão global, com um tamanho nunca visto desde a Grande Depressão”, prevê o economista. “Esperemos que seja muito mais curta. Ainda que a rapidez da saída dependa de como o vírus se desenvolva e a resposta do sistema de saúde. Mas, até mesmo no melhor dos casos, a situação é terrível aos mercados emergentes. Antes da crise já tinham uma dívida externa altíssima [entre hoje e o final do próximo ano, os países em desenvolvimento devem lidar, de acordo com a ONU, com o pagamento de 2,7 trilhões de dólares (13 trilhões de reais) em dívida] e um crescimento em queda. Isso provocará o colapso de muitas nações. Carmen Reinhart e eu propomos uma moratória do pagamento aos países mais afetados”, diz Rogoff.Depressão social e liberdadeA pandemia passará e será preciso pensar por quais ruas e cidade caminharemos. Porque a Terra corre o risco de cair em uma espécie de depressão social causada por esse tempo de distanciamento. “Um colapso pessoal que será muito duro com a população mais isolada e solitária, como os idosos”, alerta o colunista Ezra Klein. É o resultado de um confinamento imposto, mas também voluntário. Já existe uma cacofônica palavra que o define: co­cooning. “É a tendência a estar mais tempo em casa, socializar menos fora e fazer de teu lar uma fortaleza”, diz Patricia Daimiel, diretora-geral da consultoria Nielsen. É o que queremos? Nos sentir seguros e isolados? “Provavelmente descobriremos (outra vez!) que existem muitos trabalhos que podem ser feitos em casa, economizando combustível em deslocamentos e tempo de espera em antessalas. O problema, entretanto, é que queremos estender esse privilégio a atividades muito importantes como a educação e o amor, que não podem deixar de ser presenciais: exigem o corpo a corpo”, reflete o filósofo Fernando Savater. Sem dúvida, a imensa urgência do presente nos impede de avaliar qual horizonte o futuro deixará.O escritor israelense Noah Harari contou no ‘The Financial Times’ que nestes tempos de crise a sociedade precisa escolher entre “vigilância totalitária e empoderamento cidadão”. As pessoas enfrentarão dilemas. “E no momento de escolher as respostas deveríamos avaliar as alternativas e as implicações a longo prazo. As novas tecnologias são uma excelente ferramenta para prevenir e evitar os contágios e organizar nossas vidas (pensemos na compra ‘online’) e a atividade econômica (teletrabalho). Mas é preciso encontrar um equilíbrio entre privacidade e segurança, e evitar cair em um controle que manipule as pessoas e coloque suas liberdades individuais em perigo”, alerta Rafael Doménech, responsável de análise econômica do BBVA Research.A China lidou com a pandemia, entre outras medidas, monitorando milhões de telefones inteligentes para controlar os contatos e a temperatura corporal de seus donos. E no espaço de duas semanas, os primeiros-ministros de Israel e Hungria se outorgaram a possibilidade de governar por decreto, sem interferências do Parlamento e dos tribunais. Mas as emergências e os desastres também são uma fenda a uma nova normalidade. Através dela vemos a possibilidade de outros mundos e outra sociedade. Há perdas, há ganhos; o ar e a vida se filtram.“Precisamos de uma nova economia dos cuidados que integre os sistemas nacionais de saúde públicos e privados como fizemos com os sistemas bancários”, diz Carlos Martín, responsável do gabinete econômico das CC OO (Comissões Operárias da Espanha). E aprofunda. “Minha proposta é um eurosistema de saúde que seria financiado com o primeiro imposto em escala europeia e comunitária. Uma taxação progressiva sobre o patrimônio das pessoas, cujos excedentes seriam utilizados em ir somando aos países com menos recursos de fora da UE, até cobrir todo o planeta...”.

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